Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Capítulo 30 - Sedução

por Jessie Bell, em 11.06.11

 



 


Vou dedicar este capítulo à Stamm e ao seu irmãozinho *.*, que nasceu há pouquíssimo tempo. É tao fofinho ^.^ Além de que a Marta fez o comentário número 100.


 


 


A primeira aula que tinha naquele tinha naquele dia era de dança. Precisava de remediar as asneiras que tinha feito na última aula. Nem que fosse para satisfazer Michael.


Fizemos tango naquela aula e até correu razoavelmente bem, apesar de danças de salão não serem o meu forte.


No final daquela aula exaustiva, Mr. Samparro chamou-me ao pé de si e fez-me um pedido:


- Dalillah, preciso da tua ajuda.


- Diga.


- Há um rapaz cá no instituto que está a ensaiar a cena de tango do filme “Perfume de Mulher”, para os exames. De qualquer modo, ele não tem aulas de dança e precisava de alguém que o ensinasse.


- Não seria mais adequado se fosse um rapaz a ensiná-lo?


- Acho que consegues dar conta do recado. Podes estar na sala 8 às três?


- Claro, como queira.


 


Depois do almoço dirigi-me, já vestida, com uns calções curtos e um top que não me chegava ao umbigo, à sala de dança número oito e, tal como não tinha suspeitado tinha que ser ele.


- Ouvi dizer que me vieste dar uma aula.


- Pelos visto enganaste-te. – Disse rispidamente dando meia-volta.


- Podes por favor pôr os nossos problemas atrás das costas e tratar disto profissionalmente?
Olhei para ele, de cima a baixo, cruzando os braços. Estava prestes para ir-me embora, porém uma outra ideia surgiu-me: Era hora da vingança.


- O.K. Eu ensino-te. – Liguei a música apropriada e, após ter calçado os sapatos indicados, dirigi-me até ele. – Então é assim: eu ponho a mão no teu ombro e tu pões a tua aqui – disse num tom sibilante, conduzindo a sua mão à minha cintura e pousando-a aí. – Entrelaças a outra mão na minha – proferi, fazendo-o – e agora, aproximamo-nos. Assim. – Puxei o seu corpo contra o meu e enrolei a minha perna na sua.


Começámos a deslizar suavemente, ao som da música, após mais algumas indicações. Estava a deixar-me pelo conforto dos seus braços. Isto não podia acontecer. Era suposto eu seduzi-lo, não o contrário. Precisava de tomar controlo da situação. Ele pegou na minha cara e aproximou-a dos seus lábios. Deixei-o que ele fizesse isso e, quando os nossos lábios se encontravam a um milímetro, proferi:


- Onde é que está o profissionalismo?


- Que se lixe o profissionalismo – e dito isso aproximou os seus lábios ainda mais dos meus, forçando-os a tocarem-se, reagindo numa sensação de raiva misturada com adrenalina e prazer.


- Nem penses! – Exclamei, empurrando-o, fazendo-o largar o meu corpo. – Acho que a aula terminou.


Saí dali o mais depressa que pude, fugindo da tentação de voltar para lá e entregar-me a ele. Como o odiava por me fazer sentir daquela maneira, devia ser ilegal. Pelo menos ele tinha sofrido um bocado e isso alegrava-me. Digamos que me sentia bastante retorcida e maquiavélica naquele momento. Não me importei.


 


Saí da P.A. o mais depressa que pude, vestindo apenas umas calças de fato de treino e calçando umas sapatilhas. Como ainda era cedo, cerca das cinco horas, decidi ir correr para a Central Park. Não me ralei com o frio de Janeiro e muito menos com a neve que começou a cair.


A noite acabou por cair, mais depressa do que eu calculava, continuei a correr até à entrada que ia dar à paragem do autocarro. Não se via ninguém. O parque estava coberto por uma fina camada branca da geada que se estava a formar. De repente ouvi passos atrás de mim e um par de braços a rodearem-me o tronco, levantando-me e fazendo-me rodar no ar, desenhando um círculo. Soltei um grito demasiado alto. Os braços que me apertavam poisaram-me no chão.


- Deus, Taylor! Não era preciso furar-me os tímpanos.


Era Michael. O meu coração começou lentamente a acalmar-se, respirei fundo três vezes antes de proferir outra palavra.


- Credo! Michael, assustaste-me de morte! Estúpido! – Exclamei, empurrando-o de leve no ombro.


- Já é muito tarde para a menina andar-me a estas horas, sozinha por aqui.


- Desculpa mamã. Não volta a acontecer.


- Tu tem-me cuidado, filha!


- Ias-me causando um ligeiro ataque cardíaco!


 - Sou assim tão feio.


- Se eu disser que sim, o que é que me acontece?


- Nunca mais sairás deste parque. A não ser que o faças num daqueles saquinho pretos e aos bocados.


- Mesmo assim vou arriscar e dizer que sim.


- Agora vou ter de te matar.


- Se me conseguires apanhar.


- Queres mesmo correr contra mim?


- Queres mesmo perder?


- AH! Tens piada, tu.


- Isso é um desafio Michael Halle?


- Podes crer que é. Até à entrada.


- O que é que apostamos?


- A vergonha da tua vida não te basta?


 - Pronto, chega!


Comecei a correr o mais depressa que pude. Não faltava muito para a entrada, cerca de 1 kilómetro. Não o ouvia atrás de mim. Senti-me bem, pela primeira vez em muito tempo. Livre. Conseguia sentir o ar frio a entrar-me no nariz, o coração a bombear o sangue e o meu cérebro perfeitamente concentrado naquela corrida, como se a minha vida dependesse disso.


Quando cheguei, já ele estava à minha espera.


- Atalhos, não valem! – Exclamei, arfando, para recuperar ar.


- Quem é que te disse que vim por um atalho? Passei por ti tão rápido que nem me viste!


- Pára de te armar em speedy gonzales! Isso é batota!


- E começar antes também o é.


- Sabes que te tinha ganho na mesma!


- Pois… pois… A desforra fica para outro dia.


- Chamamos a isto um empate?


- Porque não… Vamos para casa?


Assenti. Andámos até à paragem e aí ficámos à espera.


- Ainda estás chateada com o meu irmão?


O olhar que lhe dirigi respondeu por mim.


- Sabes que ele está mesmo arrependido…


- Sabes que eu estou mesmo chateada…


- Taylor… Ele ama-te.


- E no entanto…


- Nunca erraste?


- A sério que não quero ter esta discussão.


- Tay, ele gosta demasiado de ti, para isto.


- Como é que é? Perdoar alguém que te magoou? Consegues mesmo olhar para essa pessoa e não sentir dor?


- Consegues. Não é assim tão difícil se de facto amares essa pessoa. Aprendes a perdoar, porque tu também vais errar, de uma maneira ou outra. Pode não ser de forma tão grave e há que estabelecer limites. Mas tu também vais errar, também o vais magoar. Não te aches melhor, por ele te ter magoado primeiro, não te aches melhor do que ele, por causa disso, porque tu não sabes o que terias feito, na sua situação.


- Eu não sei se consigo.


- Tu deves saber o que é que significa se não o consegues perdoar. E isso já é só da tua conta.


- Desculpa Michael, mas eu simplesmente não consigo. Eu olho para ele e tudo o que vejo é ele agarrado a Kate. E uma dúvida permanece na minha cabeça. Se não o tivesse visto, ele teria-me dito, tal como a Lauren te disse a ti.


- A isso não te posso responder. Lamento.


Chegámos ao apartamento e fui para o quarto em direcção a mais uma noite mal dormida, devido aos pesadelos recorrentes e variados, que me faziam acordar aos gritos, tal e qual como quando Mariana estava em coma. A diferença residia no facto de que dantes ele estava lá para me acordar e me fazer esquecer a dor. Agora, em vez da solução, era ele a razão do meu sofrimento.


Deitei-me, sem vontade de adormecer, porém o cansaço era mais forte que eu. Adormeci sem dar por isso e, mais uma vez acordei gritando, no entanto, nessa noite algo diferente aconteceu. Senti uma mão rude, cobrindo os meus lábios suavemente, impedindo-me de falar. E um braço agarrando-me o corpo, impedindo-me de mexer. Abri os olhos e vi os dele, fitando-me em horror.


- O que é que pensas que estás a fazer? – Perguntei, quando ele soltou a mão da minha boca.


- A acordar-te.


- Sai! - Exclamei, empurrando-o para fora da minha cama.


- Desculpa, mas não. Tu não tens andado a dormir nada, Lillah. E podes me odiar à vontade, podes gritar e espernear, mas eu não vou sair daqui. E tu também não.


- Sai! Já! Eu não preciso da tua ajuda! Eu não preciso de ti! - Por esta altura já não sabia a quem é que estava a mentir, se a mim, se a ele.


- Se não o fazes por ti, se não o fazes por mim, então fá-lo por todas as outras pessoas quee vivem neste prédio.


- Cala-te, fica aqui e não me toques.


- Obrigado. Posso perguntar-te o que é que aconteceu ao teu cabelo? – Perguntou, após alguns momentos de silêncio.


- O que é que achas que lhe aconteceu?! Pintei-o.


- Fica-te bem. Gosto.


- Não era para gostares.


- Eu sei. Lillah, posso pedir-te desculpa, mais uma vez?


- Não.


- Porquê?


- Porque já o fizeste, dezenas de vezes. Como é que achas que esta vai mudar alguma coisa?


- A esperança é a última a morrer.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

publicado às 22:59


1 comentário

De NattahL a 14.07.2011 às 20:04

Adorei *-*
xoxo'

Comentar:

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.



You told me I was like the dead sea. You never sink when you're with me.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Pesquisar no Blog