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- Explica-te – ordenei-lhe, entendendo a pequena coroa. Ele começou-se a rir, porém percebi que estava envergonhado.
- A minha avó obrigou-me, num Verão que vim passar cá. Mas, ganhei 1000 dólares.
- Tens para aqui muitos troféus…
- Os meus avós têm mais orgulho nisso do que eu, por isso é que os deixo aqui. – Disse enquanto voltava a pôr a pequena coroa no lugar.
- Então encontraste a tua família?
- Não… só chegam amanhã de manhã.
- Os teus avós não vivem cá?
- Sim, mas eles também vêm de Nova Iorque, porque estiveram lá durante um tempo.
- Então o que é que vamos fazer?
- Queres ir à praia?
- Estamos em Novembro…
- Por favor…. – disse com uma súplica nos olhos.
- Estás a tentar fazer-me olhinhos, Parker Halle?
- Está a resultar? – Perguntou com a mesma expressão.
- AH! Sim, está – disse arfando. – Vamos. – Parker respondeu-me com um sorriso.
Quando chegámos à praia, tive a maior sensação de dejá vu de sempre. Era o mesmo cenário do meu sonho, de quando estava sob o efeito da anestesia. Parei estupefacta a olhar para aquela praia de areia branca.
Sem dizer uma palavra, sentei-me no chão, para apreciar o momento. Parker sentou-se também e, assim ficámos, sem proferir uma palavra, simplesmente porque palavras não eram necessárias.
Estava feliz por me poder abstrair de todas as minhas preocupações momentâneas e me poder concentrar em Parker, por me poder concentrar em nós.
Pousei a minha cabeça no seu ombro e ele colocou o seu braço à volta dos meus ombros.
- Sabes, eu sonhei exactamente com esta cena, quando estava na cirurgia…
- A sério?! Espero que tenha sido agradável, amor.
- Estava a ser. Até desapareceres. Até tudo desaparecer e ficar tudo branco. – Vi a angústia nascer-lhe no rosto.
- Estás aqui agora – disse, como me assegurando desse facto e apertando-me mais contra si.
- Nunca me deixes Parker.
- Prometo – murmurou, afagando-me o cabelo. – Então? Quais são as probabilidades de te convencer a vir dar um mergulho? – Perguntou com um sorriso maroto nos lábios.
- Eu diria por volta de zero… Mas podes sempre implorar, só por diversão.
- Ou então posso sempre fazer isto – disse, levantando-se num pulo. Puxou-me contra si, para que também ficasse em pé e, de repente pegou-me pelos joelhos, de modo a que ficasse em cima do seu ombro, como um saco de batatas.
- Parker! Nem penses! – Exclamei-lhe num tom austero.
- É a minha nova forma de implorar, descobri que é muito mais eficaz.
- Parker Mortimer George Halle coloca-me no chão JÁ! – Gritei-lhe sacudindo as pernas, para me libertar.
- Muito convincente realmente. Esqueceste-te do VI – acrescentou.
- Parker! Eu não sei nadar. – Ele soltou um riso recheado de sarcasmo, obviamente não tinha acreditado em mim, e continuou a andar até ao mar. Comecei a sentir o frio do mar na pele.
Quando chegámos à beira-mar Parker, ignorando os meus gritos, tirou-me do seu ombro e, num movimento rápido, mandou-me ao chão, deixando-me aterrar de cócoras e molhando as calças de ganga que estava a usar.
Sendo que já estava molhada e ignorando o frio da água gélida que me penetrava nos ossos, resolvi vingar-me.
Acabámos por cair os dois lado a lado, com as ondas a baterem-nos nos pés e completamente molhados.
- E se eu não soubesse de facto nadar?
- Não sei se reparaste mas nós não nadámos propriamente. Além de que, tu não mentes assim tão bem.
- Se soubesses isso, não estaríamos aqui hoje. – Vi a expressão dele mudar de pura excitação, para uma incompreensão transtornada. Desatei a rir-me perante tal expressão. – Vês como não sabes quando é que eu estou a mentir? – Perguntei, por entre gargalhadas.
- Agora vais sentir a minha cólera. – E dito isso colocou-se em cima de mim, apoiando-se nos cotovelos, e sacudiu o seu cabelo loiro para a minha cara e depois pousou a sua cabeça no meu peito.
- E agora, como é que vamos para casa? – Indaguei, quando Parker caiu de novo ao meu lado.
- Bem, podemos ficar aqui, até secarmos ou então… acho que tenho umas toalhas no jipe. – E após ter dito isto levantou-se e eu fiz o mesmo.
A curta viagem para a grande casa branca correu na perfeita normalidade, por entre conversas e risos.
- Onde é que posso tomar banho? – Perguntei quando entrámos na casa.
- Sobes e é a segunda porta à direita.
- Obrigada.
Subi, e tal como Parker me disse, entrei na segunda porta do lado direito. Rodei a maçaneta e empurrei a porta, deparando-me com uma ampla casa de banho.
Tirei a roupa húmida e entrei no duche.
Quando acabei embrulhei-me na toalha e andei até ao quarto de Parker. Comecei a vestir-me. E tinha acabado de me arranjar, quando ouvi a porta atrás de mim abrir-se. Guinchei.
- Sou só eu – disse enquanto andava na minha direcção.
- Assustaste-me.
- Quem é que achavas que era? – Perguntou, enquanto enrolava os seus braços à minha volta, por trás, e me beijava o pescoço.
Senti as suas roupas molhadas a tocar o meu corpo.
- Parker, estás encharcado.
- E tu cheiras bem – proferiu roçando o nariz na minha cabeça.
-Vai tomar banho.
- Cheiro assim tão mal? - Inquiriu-me agarrando-me mais contra o seu corpo molhado.
- Parker, estás-me a molhar toda.
- Ok. Ok… Já volto.
Passaram-se vários minutos até Parker voltar, já vestido, com umas calças caqui com uma camisola castanha, com um decote em “V”.
- Vamos jantar? Já são oito.
- Claro. O que é que vamos jantar?
- Pronta para pôr à prova as minhas técnicas culinárias?
- Desde quando é que sabes cozinhar?
- Confia em mim. Vamos – e dito isso agarrou a minha mão e conduziu-me à cozinha.
A verdade é que ele não cozinhava nada mal.
Parker fez carne guisada com massa e realmente estava muito bom.
- Então estou aprovado? – Perguntou, por entre garfadas.
- Estás?
- Vou tomar essa pergunta como uma declaração.
- Ainda bem – disse com um sorriso. – A que horas é que a tua família chega amanhã?
- De manhã. Não sei horas ao certo.
Após jantarmos e arrumarmos as coisas, deitámo-nos no sofá a ver um filme.
Era um velho musical, ao qual não prestei muita atenção. Após meia hora, adormeci nos braços de Parker.
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