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Capítulo 6 - Grá

por Jessie Bell, em 20.04.11

 


 






 


 


Após me ter vestido, ter tomado o pequeno-almoço e ter feito toda a minha rotina matinal, desci as escadas do prédio, em direcção ao dia que me esperava. Quando cheguei à porta, vi-o: lindo, como sempre, com um sorriso aberto. Abri a porta e cumprimentei-o com um beijo, ao qual ele retribuiu freneticamente.


- Vamos? – Perguntou, e sem esperar agarrou-me pela cintura e começámos a andar. Era fácil estar com ele, quase como respirar. – Posso continuar o questionário?


- Tens mesmo de pôr isso nesses modos?


- Pronto… Posso, uma vez mais perscrutar todos os ínfimos pormenores da tua vida?


- Porque não…?         


- Qual é a tua cor preferida?


- 1. O que é que isso interessa? 2. É o verde. 3. Qual é a tua?


- 1. Imagina que tenho de decidir uma cor para uma prenda. E 2. É o azul. Qual é a tua comida preferida?


- Feijoada. Há quanto tempo é que tocas guitarra? E violino?


- Não faço a mínima ideia do que isso é. Toco guitarra há 12 anos e violino há 17. Preferes dança, representação ou canto?


- Essa é difícil, mas acho que prefiro dança.


- Porquê?


- Com a dança podes quebrar todos e quaisquer padrões. Há liberdade e há beleza na liberdade. Quando cantas, senão cantas bem, afinadamente, ninguém te vai tecer boas críticas. Na dança, apesar de a técnica ser importante, há movimentos que são universais e, ao mesmo tempo, belos.


- Lillah, não há qualquer tipo de liberdade no ballet clássico, no tango, na valsa. Em muitos estilos existe apenas uma gama de movimentos, que têm se ser cumpridos na perfeição, pois caso contrário, nunca será considerado um bom bailarino.


- Não há qualquer liberdade no ballet?! Sim, é um estilo de dança rígido e difícil de quebrar. Mas a única maneira de te expressares, noutros estilos de dança mais libertinos, é teres um perfeito controlo sobre ti próprio.


- Amo-te! – Exclamou e eu sorri-lhe. – Mas temos de nos despachar, vamos chegar atrasados.


A verdade é que cheguei muito em cima da hora da aula de dança e o Mr. Samparro, o professor de dança, ia se zangando. Este homem não era uma pessoa comum, para além do facto, de ter apenas trinta e dois anos e ser professor, devido ao facto de ter sofrido uma lesão e, por isso, não poder dançar. Sentia pena dele. Era um homem tão robusto e altivo, inspirava respeito, apesar da sua tenra idade. Sabia que me tinha em grande consideração. Quando fiz a audição, disse-me que tinha potencial. Tinha sido ele que me juntara com o Mike e eu estava-lhe grata por isso.


Os dias passavam e, cada vez mais, eu me aproximava de Parker. No entanto ainda precisava de escrever a porcaria da música para o apuramento. Mas já tinha uma ideia mais clara, sobre o que iria escrever.


 


Quinta-feira acordei mais cansada do que o habitual. No entanto, arrastei-me da cama, vesti-me, etc. Cheguei à porta do prédio e, como sempre, Parker estava à minha espera. Cumprimentou-me com um beijo na testa:


- Dalillah, estás com febre!


- Não estou nada, vamos. Já toda a gente se foi embora. Vamos chegar atrasados. – Comecei a puxá-lo, mas ele agarrou-me o pulso e puxou-me de novo para ele.


- Não vais a lado nenhum. Vens comigo lá para cima. Vais-te enfiar na cama e vais-me deixar tomar conta de ti.


- Park, nem eu nem tu podemos faltar às aulas. Por isso anda!


- Lillah! – E sem mais uma palavra, tirou-me as chaves da mão e pegou-me ao colo, colocando-me no seu ombro, como um saco de batatas.


- Parker! Pára! Agora! – Ele não parou. Levou-me até ao segundo andar do meu prédio e apercebi-me que tinha subestimado a sua força. Abriu a porta do apartamento, percorreu-o até encontrar o meu quarto e, quando o encontrou, sentou-me na cama.


- Fica aqui. Veste-te e enfia-te na cama – ordenou e eu obedeci. Não por vontade própria mas porque, de facto, estava a sentir-me doente. Quando ele voltou, já estava, tal como ele me pediu, enfiada na cama. Parker entrou com aquilo que me pareceu ser a caixa de um termómetro e uma televisão. Entregou-me o termómetro e pu-lo debaixo do braço. Observei-o enquanto ele colocava a televisão, que pertenceia à cozinha. Quando acabou, entregou-me o comando e tirou-me o termómetro. Sim, ele tinha razão. Eu estava com febre. Quando viu o valor no aparelho, trouxe-me um comprimido e um copo de água, que tomei, sem hesitar. Após ter engolido a pequena cápsula, Parker sentou-se ao meu lado:


-Estás melhor, teimosa? – Tinha de admitir que ele tinha razão, sentia-me melhor, e tudo graças a ele.


- Sim – disse num suspiro.


- Ainda bem, grá.


- Grá?


- Quer dizer “amor” em irlandês. – disse num sorriso. Beijei-o com todo o amor que sentia por ele. Beijei-o para me sentir melhor e para o fazer sentir melhor. Beijei-o para reacender o fogo que desejava à muito ver de novo aceso. Beijei-o até ele percorrer as suas mãos àsperas pelo meu corpo, que ansiava pelo seu toque. Eu amava-o. Com todas as forças que tinha. A ele e só ele, como nunca antes tinha amado. Acabámos por adormecer e a minha mente vagueou para sonhos, que nao eram minimamente comparáveis à realidade que estava a viver.

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publicado às 14:16


6 comentários

De copodeleite a 17.07.2011 às 23:48

Já adora a tua familia *.*
sim...sim...
bj

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You told me I was like the dead sea. You never sink when you're with me.

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