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Era o dia em que as gifted classes de dança começariam e, apesar do horário tremendo, estava muito feliz, não só por ser um enorme prestígio, como também por me darem a oportunidade de trabalhar um dom que, modéstia à parte, possuía. Por isso levantei-me, vesti-me e dirigi-me à cozinha onde o encontrei. E seria um momento lindo, perfeito, glorioso, vê-lo ali na minha cozinha, na nossa cozinha. Se ele não estivesse a comer a mesma nojeira que Mike, papas de aveia.
- Isso é tão nojento – disse enquanto preparava café.
- Queres provar? – Perguntou Parker oferecendo-me uma colher cheia.
- Que parte de “nojento” é que te ultrapassou? – Perguntei, com um esgar. O pequeno-almoço rapidamente acabou e, após uma breve caminhada até à paragem de autocarro, entrámo-nos no transporte que nos ligava à escola. Parker, tal como eu, tinha entrado para as gifted classes de representação, e havia sido o único aluno a entrar para as de canto, porque ele era, de facto, dotado. A voz dele era linda, era áspera, profunda, mas sempre muito afinada, e muito flexível.
As aulas normais, performativas e não performativas, decorreram pacificamente. Às seis e vinte da tarde, eu e Michael começámos a aquecer e, às seis e trinta e dois, Mr. Samparro entrou sala a dentro. Pediu-nos para voltarmos a fazer a coreografia que tínhamos feito nos apuramentos e assim o fizemos. Após uns breves e confusos momentos de silêncio, proferiu:
- Vocês os dois… Vocês os dois têm muito talento, isso não é discutível. A vossa técnica irrepreensível. Mas, vocês não têm qualquer tipo de confiança um no outro. Sempre que tu – e apontou para Mike – a agarras ela vacila, porque não confia em ti. Por isso, têm que ganhar confiança um no outro. Poderíamos desperdiçar tempo e pôr-vos a fazer exercícios de confiança, porém esses, além de serem demasiado convencionais para o meu gosto, não fornecem o resultado pretendido. Tenho uma ideia! – E, após ter feito o seu anúncio abandonou a sala.
Voltou passado três minutos e trazia uma corda de escalada na mão. Atou uma ponta à minha cintura e a outra à de Mike. O que nos disse foi que teríamos de andar 72h seguidas ligados por aquela corda, que apenas media um metro e meio. Depois, dispensou-nos, dizendo-nos para só voltarmos após aquelas 72h. Chegámos a casa eram sete e meia, e, assim que entrámos uma jorrada de perguntas caíram-nos em cima. Depois de uma explicação sucinta os ânimos acalmaram. No entanto, Parker colocou as questões para as quais nem nós tínhamos respostas. Primeiro: onde é que iríamos dormir? Acabámos por decidir que Mike dormiria no meu quarto, mais precisamente, no chão. Segundo: eventualmente precisaríamos de tomar banho e de ir à casa de banho… Resolvemos esse problema com uma venda e com montes de toalhas num fio a fazer de cortina.
A noite, acabou por chegar e, após o banho mais estranho de toda a minha vida, eu e Mike fomo-nos deitar.
- Lillah?
- Diz…
- Porque é que mentiste à Kate sobre o teu nome?
- Porque não costumo confraternizar com ladras…
- Também posso começar a chamar-te Taylor? É mais fácil que Dalillah, que é muito comprido e Lillah é estranho. Posso?
- Mike tenho pena, mas foi o nome que os meus pais me deram…
- Vá lá…
- Como queiras. Tu conheces a Kate?
- Ela era a ex-namorada do Parker. Mas, agora que penso bem não te devia ter dito isto, por isso… Não, não a conheço.
- Desculpa amigo, mas agora já disseste.
- Merda! Mas não contes ao Parker, ok?
- Não prometo nada…
- Mas não estás chateada, pois não?
- Estou fula com a gaja, mas se estás a perguntar se estou chateada com o Parker, a resposta é não. Eu já tinha deduzido que ele já tinha tido namoradas, por isso, conhecê-las ou não conhecê-las, para mim é a mesma coisa.
- Tu gostas mesmo do meu irmão, não gostas?
- Sim…
- Ainda bem.
- Mike, vou dormir.
- Boa noite
- Taylor?
- Diz…
- Nada… era só para ver se respondias.
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