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Capítulo 36 - Despedida

por Jessie Bell, em 10.07.11



 


1. A adaptação de blogskins foi-me feita, como um favor, pela excelentíssima happy sweet desingns. Deixo aqui o link, se precisarem de uma makeover ao vosso blog.


 


2. O vídeo, apesar de não ter muito a ver com o capítulo, é sobre dois melhores amigos. Um trai o outro. E essa é a dor que o mais pequeno está retratando. No fim eles decidem ir por caminho diferentes. Eu adoro esta coreografia. Adoro a sua parceria.


 


3. E agora, o capítulo. Espero que gostem e quero muitíssimos comentários, por favor :D


 


***


 


Numa semana, numa simples e única semana, Parker Halle deixaria de fazer parte do meu dia-a-dia. A minha vida mudaria drasticamente. Mais uma vez… Pelo menos era por uma boa razão.


Era pelo seu futuro. Pela sua carreira. Era pelo seu bem. No entanto, por mais que garantisse todas essas coisas a mim mesma, não conseguia fazer parar a dor que latejava dentro do meu peito.


Parker tentava manter uma postura forte, corajosa, mas eu conseguia ver a verdade por debaixo dos seus extremamente encantadores olhos cinzentos – ele sofria. Tanto ou mais que eu. Mas não o transparecia. E depois era eu a orgulhosa.


Tentávamos rir-nos daquilo e aproveitar o tempo. Mas era difícil. Passar tempo com ele tornara-se difícil, simplesmente porque agora o tempo era contado.


Suspirei (sim, porque eu agora suspirava)…


- O que é que se passa? – Perguntou-me Parker, endireitando-me os ombros, quando se estava a preparar para me ver ensaiar.


- Nada… -expirei. – Só quero dançar.


- Dalillah…


Virei-me para ele e olhei-o nos olhos. Naqueles olhos profundos cheios de mágoa e paixão. Retribuiu-me o olhar e viu em mim, o mesmo que vi nele: dor. Nada disse, apenas encostou os lábios a uma das minhas faces e deu-me um suave beijo na bochecha esquerda.


Ensaiei e ensaiei, até a dor dos meus pés ser superior à do meu coração e mesmo depois de isso acontecer, esperei que a dor dos meus pés desaparecesse num leve latejar, graças à outra dor.


Sabia que me ia arrepender se continuasse com aquele ritmo caótico. Queria preencher todos os momentos, para não ter tempo para pensar, mas isso não me era possível. Havia as noites em branco, ou mal dormidas e, quando dormidas, cheias de sonhos desagradáveis.


Sabia que, caso continuasse assim, me esgotaria. Magoar-me-ia, novamente, porque “levar as coisas devagar, em relação ao meu pé” era algo que eu não fazia.


Tentava disfarçar qualquer tipo de dor física ou mental, mas isso estava a tornar-se cada vez mais difícil, cada vez mais impossível.


Eu reparava que ele reparava, mas não conseguia dizer nada relativo ao assunto. Não lhe tocávamos. Tínhamo-lo enviado para um lugar distante da nossa relação, sem pensar muito em que eventualmente ele voltaria, para nos assombrar.


Sabia porque é que ele não dizia nada… Queria fazer-se de forte e por isso não podia falar, pois caso o fizesse a máscara cairia e ele teria de revelar uma faceta que poucos lhe conheciam.


Se ele começasse a falar, se ambos começássemos a falar, íamo-nos arrepender amargamente, pois acabaríamos banhados em lágrimas, a lamentarmo-nos mutuamente, e nenhum de nós aguentaria. Porque pior do que nós chorarmos, era ver o outro derramar lágrimas à nossa custa.


Deitei-me, encostando-me as costas ao seu peito desnudado.


Deixei-me vaguear pelos meus próprios pensamentos inóspitos, sem proferir uma única palavra, olhando para o escuro, que agora aparentava ser mais agradável do que qualquer outra situação possível que pairava naquele quarto.


Ele enrolou os braços, à volta do meu singelo corpo e apertou-me, como certificando-se que eu ainda ali estava e, infelizmente, preferia não estar e alhear-me de toda esta confusão.


- Grá – começou, com uma melancolia marcada na voz grave, de timbre rude. – Vamos… Estás bem?


Nada disse. Apenas lhe apertei os braços que me rodeavam o abdómen.


- Dalillah, não vais mesmo falar sobre isto? Nunca?


- Não! – Exaltei-me.


- Então o que é que tencionas fazer?


- Neste preciso momento? Tenciono dormir – disse, resmungando. Não queria mesmo nada ter aquela conversa. Não ali. Não naquele momento. Não enquanto os seus braços me enrolavam o corpo cansado e marcado por um dia de trabalho.


- Não acredito que estás assim, Dalillah.


- Como? Com sono? Pois, acontece…


- Esquece… - suspirou. – Eu não vou.


- Isso é chantagem.


- E isso é pura maldade – disse, com um leve escárnio, sem abandonar a confortável posição em que nos encontrávamos.


- Como é que queres que eu esteja afinal?


- Feliz. Afinal de contas eu acedi ao teu pedido, não acedi?


- Tu acedeste ao meu pedido?! Parker, por amor a Deus, tanto eu como tu sabemos que isso não é verdade. E, como é que é que consegues ser tão hipócrita para me dizer para me sentir feliz, quando tu não és capaz do fazer. Ergues essa tua muralha e nem tu próprio consegues aceder aos teus verdadeiros sentimentos. O que é que tu estás a sentir afinal Parker?


- Neste momento?


- Não, com esta situação.


- Medo. Esperança. Orgulho. Dor. Felicidade…


- Estás a ver. Também não te sentes feliz.


- Eu disse que sentia felicidade, não disse?


- Não é só felicidade que sentes e, embora eu também esteja feliz por ti, isso não é tudo. Tenho medo. Medo de nos afastarmos. Medo de te perder. Medo de não conseguir ficar aqui, sem ti. – Finalmente fora capaz de admitir isto tudo.


- Sim, pronto. Estamos os dois miseráveis. O que é que queres agora?


- Eu só quero dormir, Parker.


- Dalillah… pela primeira vez na tua vida, não fujas. Não fujas de mim – pediu-me.


- Eu estou aqui, não estou?


- Mas preferias não estar. Por ti, fugias disto tudo, não era? De tudo o que é mau? Escondias-te num buraco à espera que as coisas más passassem, certo? Mas lamento, as coisas não são assim. A não ser que enfrentes os problemas, eles não se vão embora.


- O que é que há para enfrentar Parker? Explica-me? Absolutamente nada. Não há nada a mudar. Mas eu preciso de tempo. Tempo para me adaptar e para fazer o meu pequeno luto. Por isso perdoa-me, por não conseguir pôr um sorriso à tua frente como tu fazes comigo, mas pelo menos não passas noites em branco a pensar no que é que estava por debaixo do sorriso que te foi lançado, pela pessoa que pensavas que confiaria em ti, para revelar os seus sentimentos. Porque é que tens tanto medo de mostrares aquilo que sentes, Parker? – Perguntei, agora mais calma.


- Eu não te quero desiludir, Dalillah – expirou, enquanto me apertava mais contra ao seu duro peito.


- Isso não é possível. Não em relação aos teus sentimentos.


- Eu só queria que tu não ficasses assim: Triste.


- Parker. Eu amo-te e amo-te por estares a fazer isto. Mas eu estaria a mentir se te dissesse que isto não me custa e eu não consigo ser hipócrita ao ponto de estar feliz, nesta situação.


- Oh Dalillah. Como é que eu consigo ir-me embora, quando tu és assim.


- Assim como? – perguntei, quando finalmente virei-me para ele, para o fitar.


- Tão fácil de amar.


Rocei o meu nariz contra o seu e beijei-o, para lhe provar o meu amor.


- Eu amo-te Park. Por tudo aquilo que já fizeste por mim, por tudo aquilo que já me deste, por simplesmente ser quem és e de certo modo entristece-me o facto de que as palavras mais significativas que te tenho para te dizer, para expressar os meus sentimentos por ti, se tenham tornado tão banais como “passa-me o sal, se faz favor”.


Ele sorriu-me o meu sorriso preferido e olhou-me de uma maneira misteriosa.


- Terei isso em consideração. Eu também te amo, como nunca antes amei alguém – garantiu-me. – Mas então, por favor, vamos aproveitar o tempo que nos resta juntos.


Assenti e assim fizemos.


Desde essa noite, todos os nossos momentos livres eram passados juntos.


Deixámos de existir para o mundo, para passarmos a existir um para o outro.


Deixei de ensaiar e de estudar, tudo isto para estar com ele, para aproveitar todos os segundos que nos restavam e ele fazia o mesmo.


Senti-me melhor depois daquela conversa, mais confiante no nosso futuro, mais confiante em nós mesmos.


Porém, contra todos os nossos esforços, o derradeiro dia chegou. O dia em que ele partiria para Hollywood.


Tentava convencer-me a mim mesma de que eram somente três semanas, no entanto, sempre que o fazia, aquelas três semanas para mim transformavam-se num mês e a esse mês, seguia-se outro e outro e não conseguia deixar de reflectir que após aquele dia, nunca mais passaria mais de uma semana seguida com ele e isso magoava-me.


- Adeus – sussurrou, num suspiro quase inaudível, quando nos despedíamos no aeroporto.


- Adeus, Parker. – Queria dizer-lhe algo mais, algo profundo, algo que valesse a pena. Porém, com medo de começar a chorar desalmadamente, não o fiz. Não queria chorar na nossa singela despedida.


Ele olhou para mim e sorriu-me. Afastou o meu cabelo ainda louro da minha cara e acariciou-me a face levemente bronzeada.


- Tu mudaste tudo, Dalillah. Tu és a única pessoa que faz com que tudo isto valha a pena. Amo-te, amo-te muito mais do que aquilo que alguma vez possas imaginar.


- Também te amo Parker. – Uma pequena e cristalina lágrima fugiu do recanto de um dos meus olhos, contra todos os meus esforços e ele limpou-a, com os seus perfeitos lábios cinzelados, num beijo suave. E depois sorriu-me, à espera de um outro em retribuo. Assim o fiz.


Rodeei os braços em volta do seu pescoço e beijei-o com tudo aquilo que tinha dentro do meu mirrado ser. Desejei furtivamente que ele não conseguisse sair dali, que se deixasse ficar, pelo calor do meu abraço, mas o tempo teimava em passar.


- Tenho de ir, grá.  – murmurou.


- Adeus, Parker – disse-lhe novamente, num tom melancólico.


- Três semanas – prometeu.


Assenti e, quando finalmente o larguei do meu abraço, ele partiu. E ali fiquei eu, a vê-lo abandonando aquela sala cheia de gente, desaparecendo na multidão com a sua grande mala preta.


Pensei em como aquela imagem se assemelhava ao primeiro dia em que nos conhecemos e, sem me querer lembrar das dolorosas diferenças, abandonei o aeroporto, voltando para o apartamento, agora desfigurado, devido à sua ausência.

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publicado às 19:52


1 comentário

De ▲ máei a 11.07.2011 às 19:29

nada praticamente xD
acho que a música mais complicada foi uma do elton john , mas que mesmo assim era uma coisa muito básica x.x

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